Ao par, desenvolvem-se rituais gentios, manifestações exteriores de grande colorido e riqueza etnográfica cujo cunho ousadamente profano bastas vezes serviu de justificação à intromissão disciplinadora da autoridade eclesiástica (que proibiu nos templos a presença das folias, mais os seus cantares e danças) ou a outros insucessos tutelares votados a "desterrar da região insulana aquelas estranhas práticas". Jamais, no entanto, apareceu quem ousasse interferir na realização das coroações, dos impérios ou dos arraiais do Espírito Santo. Ademais, hoje em dia, do melhorzinho que os festejos têm para oferecer é exactamente essa estimulante dualidade preservada de rituais, sacros, pagãos, que convivem e se completam.
Da festança, além dos cerimoniais santos e dos divertimentos populares, faz parte, em lugar cimeiro, uma farte e colectiva refeição comida à base do pão e da carne, também partilhados em esmola pelos mais precisados. São as tão apreciadas sopas, assim chamadas, embora do cardápio conste a carne cozida, que se ajunta à sopa propriamente dita, seguindo-se a carne assada à maneira e a alcatra, que nalguma ilhas se acompanha com a típica massa sovada, esse pão tão especial. Mandando o serviço, assistindo de mesa em mesa, cuidando para que nada falhe: a figura omnipresente e eficaz do marchante.
(Este é que é o Espírito Santo bom. O outro, o Espírito Santo dos salafrários, vai continuar a comer-nos, e não pouco. Estes textos foram publicados em Julho de 2011. A repetição é uma sentida homenagem aos alegados governantes de Portugal que agora nos querem vender a Quarta Pesssoa da Santíssima Trindade. Acham que somos todos parvos, e se calhar somos. Amanhã há mais.)
Não param de fazer de nos enganarem, de fazerem de nós burros. E o pior é que somos...!!!
ResponderEliminarEu queria dizer «enganar». Ainda me recuso a aderir ao novo acordo... :-(
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