segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Deus não vê no escuro

1.
Sem filhos em casa e sem netos, o casal conversava sobre como ia ser o Natal, a noite de consoada. Batatas, troços e bacalhau, isso era ponto assente, pelo menos ainda este ano. Mas ela tinha dúvidas de que valesse a pena sequer fazer o pinheiro. Ele mandou que sim. E que sim, porque "Deus até nos pode castigar se não fizermos", justificou, numa daqueles inocentes confusões teologais que chegam ao Céu e o pessoal de branco e asas desata logo todo a rir. Fez-se então o pinheiro e até se pôs um enfeite na parte de fora da porta. O enfeite foi roubado.

2.
Alguém se esqueceu do guarda-chuva numa capela que eu gosto de visitar. O guarda-chuva estava lá na passada quinta-feira e ontem ainda ninguém o tinha levado. A capela, sem ser uma grande atracção, é razoavelmente procurada por turistas e curiosos de outras marcas. Se fosse um café ou uma farmácia, o mais certo é que o guarda-chuva já estivesse com novo dono, mesmo que não tivesse sido esquecido. Mas ali não: é a casa de Deus e Deus não é cego. Seria pecado e o Velho é vingativo! No átrio de um prédio de apartamentos é outra coisa.

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