Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez.
Era uma menina muito feia, mas da fealdade núbil que promete a donzela esplendores de beleza.
Há meninas que se fazem mulheres como as rosas: passam de botão a flor: desabrocham. Outras saem das faixas como os colibris da gema: enquanto não emplumam são monstrinhos; depois tornam-se maravilhas ou primores.
Era Emília um colibri implume; por conseguinte um monstrinho.
Seu crescimento fora muito rápido; tinha já altura de mulher em talhe de criança. Daí uma excessiva magreza: quanta seiva acumulava aquele organismo era consumida no desenvolvimento precoce da estatura.
Ninguém caracterizava com mais propriedade esse defeito de Emília do que a menina Júlia, sua prima. Quando as duas se agastavam, o que era frequente, Júlia a chamava de esguicho de gente.
"Diva", José de Alencar
(José de Alencar nasceu no dia 1 de Maio de 1829. Morreu em 1877.)
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