sexta-feira, 30 de março de 2018

Fermín Bouza Brey 4

Candêa eterna

A longura das somas afumadas de dúbidas cingue-me neste mar de sonos e silenços. Meus sensos agrilhoados por astraes cadêas não sabem derrubar os ídolos do medo.

Falhan vermes de luz pra os caminhos inhotos, sobram escuros veus pra os carreiros sem perda. Ja não atino - Deus! - c'os alcesos degaros no facho das espranças que pressentim eternas.
Porque eissi me fiseche de humana melodia, vibrátil como gládio por Arcanjo brandido, é que, a pouco, derramo, no fito de outros longes, meu fato de amarelhe nas pugas dos azibros.
Ai, quem dera atopar aquilo de que fujo à toa, toupinhando como ua estrela cega; apanhar os espantos, a perfídia e as dôres, ter de mão as angúrias e acarinhar as trévoas!
Alcende em min, Senhor, aquil candor de neno, ingel, virgem candêa que não se queime nunca!... Pervagar, sim lixar-me, por tam immensas covas!
Esculcar, sim caír, em tam douradas furnas!

"Seitura", Fermín Bouza Brey

(Fermín Bouza Brey nasceu no dia 31 de Março de 1901. Morreu em 1973.)

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