São mortos os que nunca acreditaram 
Que esta vida é somente uma passagem, 
Um atalho sombrio, uma paisagem 
Onde os nossos sentidos se poisaram. 
São mortos os que nunca alevantaram 
De entre escombros a Torre de Menagem 
Dos seus sonhos de orgulho e de coragem, 
E os que não riram e os que não choraram. 
Que Deus faça de mim, quando eu morrer,  
Quando eu partir para o País da Luz,  
A sombra calma de um entardecer, 
Tombando, em doces pregas de mortalha,  
Sobre o teu corpo heróico, posto em cruz,  
Na solidão de um campo de batalha! 
"Charneca em Flor", Florbela Espanca
(Florbela Espanca nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894. Morreu em 1930.)
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