Eu quisera depois das lutas acabadas,
na paz dos vegetais adormecer um dia
e nunca mais volver da santa letargia,
meu corpo dando em pasto às plantas delicadas.
Seria belo ouvir nas moutas perfumadas,
enquanto a mesma seiva em mim também corria,
as sãs vegetações, em íntima harmonia,
aos troncos enlaçando as lívidas ossadas!
Ó beleza fatal que há tanto tempo gabo:
se eu volvesse depois feito em jasmins-do-cabo
- gentil metamorfose em que nesta hora penso; -
Tu, felina mulher com garras de veludo,
havias de trazer meu espírito, contudo,
envolto muita vez nas dobras do teu lenço!
"A Alma Nova", Guilherme de Azevedo
(Guilherme de Azevedo nasceu no dia 30 de Novembro de 1839. Morreu em 1882.)
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