terça-feira, 9 de junho de 2015

Anderson Herzer 2

Meu eterno crucifixo

Sumindo, vagando e o verde desbotando,
e a terra ressecando,
o sol já não mais brilha,
está tudo escurecendo, está tudo sumindo, tudo vagando.
E eu te perdendo e eu te procurando,
e você talvez seja castrado em sentimentos,

você se derreteu em gotas de dor,
você impuro, você derrotado,
você com marcas, cicatrizes de amor.
E a dor ameaça, o sofrimento transborda sangue;
na garganta um nó que te impede de falar,
no ouvido um som que me obriga a soluçar,
no coração um aperto que te obriga a gritar.
Me deito no solo, rolo no mato sujo,
me agarro num tronco oco
para não cair na desgraça e não ser comido pela traça,
e devorado pelo amargo desgosto.
Suma, vague...
morra de sede, chore sangue coalhado.

Se você morresse só, sem dó,
eu jamais teria duvidado e me matado.
Me matei num sonho rouco,
num amor derrotado, vagando.
Acordei agora, você partiu e voltou,
você ressuscitou, meu Deus, estou te amando.
Deus, eu te critiquei, eu te xinguei,
te maltratei, nunca te respeitei
e nunca em você pude acreditar,
e você morreu e renasceu
e para mim veio eterno se provar.
Será que és tão humano assim
para depois de tudo me perdoar?
Eu não ouvia tua voz, não te encontrava,
te humilhava, não te via.
Mas agora você me perdoou, te vejo em todos os cantos

- Deus, você é eterno, não é mito, nem poesia. 

"A Queda para o Alto", Anderson Herzer

(Anderson Herzer nasceu no dia 10 de Junho de 1962. Morreu em 1982.)  

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