Quando eu era pequeno queria ser grande. E quando fosse grande queria ser palhaço, maquinista de comboio, famoso, padre, polícia à paisana, pianista, advogado, jornalista, actor, bombeiro, jogador de futebol, tarzan, presidente da república, terrorista, papa, escritor, herói, cantor, ciclista, santo e piloto de avião de guerra. Já há muito que sou grande e, francamente, sou tarzan e é um pau.
De tanga. Estou de tanga como a maioria dos portugueses, se bem que os números sejam cada vez mais favoráveis, sobretudo os homólogos. Todos os pequenos almoços eu como números homólogos barrados com psivinte e gosto muito. Os meus pequenos almoços são ao meio-dia, para darem para o dia inteiro. São almoços ma non troppo, e por isso é que se chamam pequenos almoços sem hífen e um copo de água. Da torneira. Do vizinho.
Por outro lado, ainda não procuro o almoço nos contentores do lixo. Portugal está muito melhor, principalmente se comparado como o Portugal homólogo, mas são cada vez mais as pessoas e as famílias que eu vejo nos ecopontos esgadanhando sustento nos restos dos outros. Esta gente não lê os jornais, não vê televisão, não dá valor ao Governo, não ouve o de Belém, não liga aos números, tão favoráveis e tão homólogos. Esta gente gosta de chafurdar.
Eu queria ser palhaço, é verdade. Alguns amigos, lisonjeiros, dizem-me que eu às vezes sou um bocado palhaço. Alguns filhos da puta que não me gramam dizem-me também que eu às vezes sou um bocado palhaço. Palavra de honra, às vezes e um bocado não me chega: eu queria ser palhaço, mas palhaço completamente.
(De 25 a 27 de Junho, a cidade de Fafe acolhe o III Encontro de Palhaços do Mundo. Com um bocado de sorte, saberemos o programa antes.)
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