quarta-feira, 18 de julho de 2018

Djalma Passos 2

Poema da eterna ausência

Nunca mais durante a existência inteira
Sentir em minhas mãos vazias as tuas maos afáveis
Que escreveram tateantes como rosas inspiradas
Na epiderme torturada
O poema de todas as carícias...
E no turbilhao de todas as vozes humanas
Nunca mais distinguir a tua voz
Perdida como um crepúsculo que finda
No silêncio das imensidades...
Não mais divisar em tempo algum
O vulto que através das idades esperei

E as formas plenas de vida e de delírio
Que as minhas mãos alucinadas procuraram...
Sim, nao mais te ver
E viver a existência inteira
Na desesperada saudade
Do teu olhar distante,
Da tua voz prenhe de silêncio,
Do teu rosto infinitamente ausente...


"As Vozes Amargas", Djalma Passos

(Djalma Passos nasceu no dia 19 de Julho de 1923. Morreu em 1989.)

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