Os sonhos
Recordas-te, ingrata,
Quando eu te dizia
Que em sonhos Armia
Cedia aos meus ais?
Sorrias, coravas,
Fugias, juravas
Que nunca os meus sonhos
Seriam leais.
Armia, esta noite,
Segundo o costume,
Tomei co meu nume,
Tomei a sonhar.
Qual és, eras rosa,
Gentil, espinhosa,
Sem par nos rigores,
Nas graças sem par.
Dou graças ao fado,
Já sonho esquivança;
Já luz esperança
No meu coração.
Tu juras que em sonhos
Só há falsidades,
E nunca deidades
Juraram em vão.
"Escavações Poéticas", António Feliciano de Castilho
(António Feliciano de Castilho nasceu no dia 28 de Janeiro de 1800. Morreu em 1875.)
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