Soneto de devoção
Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.
Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.
Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! - uma cadela
Talvez… - mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
"Antologia Poética", Vinicius de Moraes
(Vinicius de Moraes nasceu no dia 19 de Outubro de 1913. Morreu em 1980.)
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