Era como uma brecha ou ferida rasgando as árvores e as plantas, uma vila miserável que transbordava de gente. Ela via os casebres, o povo afluindo ao porto, o navio chegando à bacia de óleo,e punha sua vista naquele teatro com a firmeza do sacrifício que se entrega, cuidando no céu. Se Deus bem quisesse, daí a momentos iria conhecer Tiago, seu primo, seu prometido, a resposta que dera à vida pequenina de Lisboa. O olhar crescia na água, atravessando as lágrimas que não queriam cair. Havia um apagado de luz branca, em torno da mancha vermelha e cinza de orlas verdes de São Vicente. Ali estava seu caminho, seu destino. "Sou como um inocente que entendesse seu próprio nascer".
"A Muralha", Dinah Silveira de Queiroz
(Dinah Silveira de Queiroz nasceu no dia 9 de Novembro de 1911. Morreu em 1982.)
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