Tu, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes - esqueceste
tudo o que prometias...
Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem de comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime sem querer.
Deixam-se sempre confuso
As tuas palavras boas,
Por não te ver fazer uso
Dessa moral que apregoas.
Porque o mundo me empurrou,
Caí na lama, e então
Tomei-lhe a cor, mas não sou
A lama que muitos são.
Vós que lá do vosso império
Prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
Qu'rer um mundo novo a sério.
António Aleixo, quadras soltas
(O poeta António Aleixo nasceu no dia 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António. Morreu a 16 de Novembro de 1949, em Loulé.)
Teve sorte não ter nascido em Fafe: seria poeta popular.
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