sábado, 11 de agosto de 2012

Zita Seabra e os 777 anões

Não liguem ao atraso. Eu bem não queria mexer nisto, mas tem que ser. A espionagem do PCP via aparelhos de ar condicionado, estão a ver? Cheira mal? Paciência! Portanto, cá vai. Para princípio de conversa, tenho que lavrar a minha mais profunda crítica à alegada comunicação social portuguesa, que parece que não levou a sério a corajosa denúncia: tratar um escândalo desta dimensão como se fosse um fait divers da silly season é erro crasso, de palmatória. E peço desculpa por escrever erro crasso, de palmatória, mas a verdade é que desconheço as expressões equivalentes em estrangeiro e que calhavam aqui que nem ginjas.
Isto é assunto sério. A espionagem do PCP via aparelhos de ar condicionado durante a década de oitenta do século passado é um prática bem conhecido por todos os ex-comunistas e sobretudo pelos ex-comunistas que foram expulsos do partido e arranjaram bom emprego no PSD. Demonstrando grandeza intelectual e enorme sentido de responsabilidade, Zita Seabra só agora, mais de vinte anos depois, é que foi ao Mário Crespo pôr a boca no trombone. E se não tinha essa ideia de início, acabou por colocar-se a jeito.
O PCP nega o óbvio, como lhe está na natureza, mas já não engana ninguém. Meteu mesmo anões nos aparelhos de ar condicionado "em tudo o que era ministério, em sítios nevrálgicos e em órgãos de poder". Anões especialistas, ouvidores, descriptadores e onzeneiros, que porém saíam do serviço às 19h45, por imposição sindical. O PCP ainda hoje não sabe o que é que o Governo tramava ao serão.
Percebem agora de onde vem a expressão tão nossa e tão dos nossos medos de que "o ar condicionado tem ouvidos"?
Dir-me-ão as boas almas, os simples: mas ainda bem que o PCP pelo menos arranjou emprego a essa minoria da população portuguesa, uma vez que ainda não havia Bloco de Esquerda. Ora aí é que a porca torce o rabo: porque estes anões não eram anões desde o princípio. Eram todos matulões com mais de um metro e noventa que foram mingar durante quatro anos (o curso completo) num campo de treino da antiga União Soviética. Saíram de lá anões como manda a sapatilha, regressaram a Portugal e foram introduzidos nos aparelhos da FNAC. Até um deles, por causa de um peido - um peidinho, de anão -, ter sido descoberto pela senhora da limpeza do Governo, que foi logo meter no cu da Zita Seabra.
E lá se acabou o que era bom para os anões: o fresquinho no Verão e o quentinho no Inverno. Hoje trabalham nas máquinas do Multibanco. Sem ar condicionado.

1 comentário:

  1. Puxa! Que são anões que dispensam a massa nas máquinas multibanco, eu já sabia!... tenho um amigo que trabalha num banco e já me disse. Agora, que eram comunas!... isso já é uma surpresa. Andam os gajos sempre a apregoar os malefícios do capital!...

    j.

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