quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ironia nupcial

Foto Hernâni Von Doellinger

Dramática alteração na correlação de forças em presença no Parque da Cidade, do Porto. O mirante dos espreitas, de que aqui já dei nota, estava ontem ocupado por um casal de noivos em sessão fotográfica pré-nupcial. Ironia do caraças: o sítio habitualmente ocupado pelos badalhocos da mironagem fora tomado de assalto por duas das suas potenciais vítimas, com a ajuda de uma dupla de pacientes profissionais do só-mais-uma-é-a-última-um-sorrisinho-por-favor. Aos viciosos de algibeira não terá restado eventualmente outra saída senão dispersarem, para mais tarde reagruparem. Mas esta parte eu já não vi.
Os espreitas, de binóculos e tudo, eram donos e senhores do miradouro mais alto e mais abrangente do Parque da Cidade. Era dali de cima, com a cumplicidade e às vezes a companhia do pessoal de serviço, que eles se babavam à procura de casalinhos mal escondidos no truca-truca. Foi isto o que eu contei.
Mas a coisa começou a mudar de figura mais ou menos na maré em que eu escrevi "Os espreitas do Parque", no passado dia 1 de Agosto. Longe de mim, no entanto, presumir que os mirones foram expulsos do seu paraíso e a pouca vergonha acabou por causa da denúncia deste farol da moral e dos bons costume que é o Tarrenego!, longe de mim. Primeiro, porque a pouca vergonha não acabou, apenas intervalou, depois de uns dias de abstinência mironal absoluta, mera coincidência. Depois, porque agora há quase sempre quem chegue lá primeiro e tome conta do miradouro. E quem são eles, os novos senhores do Parque? Jovens pares de namorados que se marmelam como gente grande e querem lá saber de quem olha, ou então uma rapaziada toda simpática e bem disposta que fuma ali umas coisas que só lhes dá para rir. Antes assim.

2 comentários:

  1. Podem sempre, os mirones, reclamar o usucapião do local!
    j.

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  2. E tem V. Ex.ª toda a razão. Estarei atento, como é meu dever, aos próximos desenvolvimentos.

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