17h15. Fui à farmácia e perguntaram-me "então o que é que o traz por cá"
e eu expliquei "aconteceu-me isto assim assim e queria ver se me podiam
dar qualquer coisa para o meu problema". O meu problema era no olho. Direito. "Ora mostre
lá o olho", e eu mostrei, "ui, vai ter de ir ao médico", e eu fui. A pé,
da Rua Brito Capelo até ao Centro de Saúde de Matosinhos, que é um
pedaço acima da Câmara Municipal.
No centro de saúde fui atendido em
menos de uma hora. Perguntaram-me "então o que é que o traz por cá" e
eu expliquei "aconteceu-me isto assim assim, fui à farmácia, na farmácia
mandaram-me ao médico, e eu vim". "Ora mostre lá o olho", e eu mostrei,
"vai ter de ir imediatamente ao oftalmologista, mas, como no Hospital
Pedro Hispano não há urgência da especialidade, pegue lá esta carta e vá
ao Hospital de Santo António", e eu fui. A pé até à Avenida Serpa
Pinto, apanhei o autocarro 500 até ao Castelo do Queijo, esperei uma hora pelo autocarro 200
e lá cheguei ao Santo António quando o trânsito me deixou.
Na
urgência fui atendido em menos de um quarto de hora. Perguntaram-me
"então o que é que o traz por cá" e eu expliquei "aconteceu-me isto
assim assim, fui à farmácia, na farmácia mandaram-me ao médico, o médico
mandou-me aqui, e eu vim". "Ora mostre lá o olho, encoste aí o queixo e
olhe para esta luzinha", e eu mostrei, encostei e olhei. "Tome lá esta
receita, são umas gotas para colocar de duas em duas horas, vá já à
farmácia", e eu fui. Estava de volta à casa de partida, passava pouco
das 21h45.
E tudo isto pelos módicos cinco euros da taxa que
paguei no centro de saúde, mais as viagens e os quase catorze euros das
gotas, que afinal nem precisavam de receita médica, e que estou a pensar
meter como despesas de representação.
Sei que tenho o melhor
serviço nacional de saúde do mundo. Raramente lhe dou uso, mas
frequento-o assiduamente e vivo de olhos abertos. Querem saber o que é o
nosso Serviço Nacional de Saúde? Não são taxas moderadoras e isenções. São as
pessoas: os auxiliares, os médicos e os enfermeiros, que todos os dias
trabalham no arame e sem rede, que já lhes tiraram há muito, e fazem
funcionar uma coisa que na verdade já nem existe, ou, se quisermos ser
bondosos, vai morrendo aos bocadinhos. A minha urgência pareceu-me uma
desnecessidade, mas as pessoas quiseram fazer bem - são profissionais. E
faço figas para que me tratem sempre assim mas palminhas. Em todo o
caso, palavra de honra, eu só queria ir à farmácia.
P.S. -
Publicado originalmente no dia 27 de Setembro de 2014. Quer-se dizer:
uma homenagem aos profissionais do SNS com quase seis anos de avanço em
relação ao novo coronavírus. E continuo sem arrepender-me de ter razão. Por outro lado, hoje, 26 de Setembro, é Dia Nacional do Farmacêutico.
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