Soneto do vinha da Madeira
O olhar castanho e morno das panteras
tens às vezes na cor. Mas entontece
é teu perfume: a ronda de quimeras
voltando a meu caminho escurece.
Ao meu caminho que escurece… Esferas
de ébrio torpor no céu que agora desce
sobre a fluidez enorme do que eras
no chamalote do ar, que empalidece.
Das chípreas uvas roxas de onde o mosto
espúmeo flui, e a perfeição alcança,
de sumarento e sazonado gosto.
Derramas-te em meus lábios como um cântico
de saudade da vida (e de esperança),
vinho de lava ardente e vento atlântico.
"Sete Sonetos do Vinho", Godofredo Filho
(Godofredo Filho nasceu no dia 26 de Abril de 1904. Morreu em 1992.)
Sem comentários:
Enviar um comentário