Testamento, entre os pinheiros e o mar
Se eu morrer primeiro do que tu,
salva a ternura que salvei.
Depois, se te doer, firma o olhar
nas ondas mais longínquas do mar largo,
destrói a dor nas lágrimas, e o vento
que te esvoace a saia e o cabelo,
pinheiro firme, cego dos sentidos,
entre a flores silvestres e a espuma...
E o indício de tudo ser pasasado
(eu, um tempo feliz que se recorda)
é sentires o longo, íntimo afago
do marulho do mar, mão pelos cabelos...
José Fernandes Fafe
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