Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho?
Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
Onde esperei morrer, - meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?
Quem quebrou (que furor cruel e simiesco!)
A mesa de eu cear, - tábua tosca, de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?
- Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...
Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.
Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais,
Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,
De noite a mendigar às portas dos casais.
"Clepsidra", Camilo Pessanha
(Camilo Pessanha nasceu no dia 7 de Setembro de 1867. Morreu em 1926.)
Que bem, escreveu Camilo
ResponderEliminarEstava agora a pensar
A noite vai caindo devagar
Ao longe, vejo vermelho ao mar
Ao perto ouve-se um cão a ladrar