O WRC Fafe Rally Sprint do passado fim-de-semana foi uma festa, um sucesso aplaudido e reconhecido por quase todos: pelo povo dos ralis, pelos pilotos (os pilotos portugueses, entendamo-nos), pela GNR, que não sei de que cataclismo estava à espera e fez questão de elogiar publicamente "o comportamento e a conduta ordeira" do público, e pela organização nacional. Tudo terá corrido tão bem que houve logo quem sonhasse com o regresso do Mundial a sério (à séria, se lido em Lisboa) ao Norte do País.
Pedro Almeida, director do Rali de Portugal, veio ontem deitar água na fervura deste entusiasmo ingénuo e bem intencionado. Como não tinha um caneco à mão, esvaziou uma piscina inteira em cima das cabeças daquelas boas almas, evocando "todo um conjunto de condições imposto pela FIA [...] e questões técnicas relacionadas com
o próprio campeonato" para justificar o que era mais do que sabido: "Se o rali pode voltar ao Norte? Direi que não é impossível, mas não é provável". Estão a perceber a semântica?
Pedro Almeida é mal agradecido? Não. Fez até questão de encomiar a Câmara Municipal de Fafe, que, disse ele, "apoiou de forma incondicional" e tornou possível o espectáculo da Lameirinha. E aqui é que eu fico de pé atrás. Atenção: sou pelo Rali, tenho entranhadas razões para ser pelo Rali, mas quando ouço ou leio que uma autarquia, nos dias de hoje, "apoiou de forma incondicional" uma corrida de automóveis que deve ter custado mais de quinze contos, só consigo pensar na factura...
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