Rosalvo Almeida, 77 anos, neurologista aposentado e membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, defende que os médicos devem optar por formas de protesto que não prejudiquem os doentes. De acordo com o jornal Público, o sócio número 1 do Sindicato dos Médicos do Norte perdeu a paciência e rasgou o cartão, agora sou eu a dizer, por ser contra a luta da classe "à custa dos doentes". Ao fim de quatro décadas, Rosalvo Almeida decidiu bater com a porta e sair da estrutura sindical que ajudou a fundar, argumentando que sente "vergonha" das declarações com que os dirigentes sindicais justificam as actuais "lutas" e "sucessivas greves" levadas a cabo "em desrespeito pelos doentes".
A este respeito, e continuo a citar o Público, um dirigente sindical respondeu que a medicina "não é um sacerdócio". E eu, confesso, pensava que era - sacerdócio: missão nobre, profissão honrosa - , e ainda ontem vim tão satisfeito e crente da consulta semestral com a minha médica excelentíssima, sempre presente e interessada, obstinada sacerdotisa do Serviço Nacional de Saúde, mas bem enganadinho que eu andava, e a doutora Joana aparentemente também. Hoje já sei: a medicina, afinal, é apenas uma profissão particularmente liberal, um gancho, um tacho, uma caixa registadora, um negócio como outro qualquer - o médico do sindicato desenganou-me...
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