O Benfica é campeão e é muito bem feito! A mim até me dá jeito, que não gramo o Benfica nem à lei da bala e aliás sou portista. Que sejam, pois, campeões e lampiões, a ver se aprendem! Por outro lado e para quem não sabe, e serão, há quem diga, mais de sete milhões de benfiquistas ignorantes, o nosso falecido Estádio das Antas foi inaugurado no dia 28 de Maio de 1952, uma data por acaso um bocado fascista, e faz hoje anos, mas isso não interessa, e portanto eu até tinha aqui assunto de desconversa para fazer render até ao quinto caralho, desviando as atenções do principal, mas não vou por aí. Por uma boa razão. Uma excelentíssima razão chamada Ferreira Fernandes. Eu não sei dele, do Ferreira Fernandes, e tenho muitas saudades.
Ferreira Fernandes faz-me falta. Por causa dele, escrevi aqui, armado em carapau de corrida, no dia 1 de Maio de 2012, sob o título "Também acontece aos melhores" e com a reprodução de uma caixa de Kompensam-S, medicamento indicado para o alívio dos sintomas de azia, enfartamento e acumulação de gases:
Ferreira Fernandes é um dos mais brilhantes cronistas do jornalismo português. E é o meu preferido. Todos os dias procuro o cantinho que lhe dão no Diário de Notícias e todos os dias me delicio e aprendo alguma coisa com ele. Ferreira Fernandes é informado, é culto, é estiloso, é escorreito, é claro, é corajoso, é honesto, é sensato, é sucinto, é simples, é assertivo. E também é benfiquista.
Ferreira Fernandes escreve de tudo, não por armanço idiota, mas porque verdadeiramente sabe de quase tudo. Escreve, por exemplo, de futebol, sem que lhe caiam as medalhas ao chão, e continua a ser um prazer lê-lo. O Barcelona e o Real Madrid, Messi e Cristiano Ronaldo, Guardiola e Mourinho devem-lhe se calhar os mais perfeitos textos que sobre eles foram escritos a nível mundial.
Ferreira Fernandes tornou ao tema do pontapé na bola na edição de ontem do DN, mas inesperadamente com uma cirúrgica preocupação doméstica. Na noite em que Rio Ave e Benfica entregaram ao FC Porto mais um título de campeão que, desta vez, parece que mais ninguém queria, o meu cronista favorito esqueceu-se do facto e resolveu escrever sobre os desarranjos intestinais do futebol português. É. Realmente, ninguém está livre.
Ferreira Fernandes tornou ao tema do pontapé na bola na edição de ontem do DN, mas inesperadamente com uma cirúrgica preocupação doméstica. Na noite em que Rio Ave e Benfica entregaram ao FC Porto mais um título de campeão que, desta vez, parece que mais ninguém queria, o meu cronista favorito esqueceu-se do facto e resolveu escrever sobre os desarranjos intestinais do futebol português. É. Realmente, ninguém está livre.
Ferreira Fernandes faz-me falta. No dia 15 de Setembro de 2015 tornei a ele, aqui, por razão de força maior. E escrevi - "Entre piçada e pissada, que escolha quem puder":
A palavra apareceu-me à esquina pela pena do cronista Ferreira Fernandes, que eu tando respeito e admiro, embora lastime que ele tenha amouchado perante o, por assim dizer, novo acordo ortográfico. A palavra é "pissada". Andei à procura dela e não a vi em sítio de respeito, em local de idoneidade gramatical que me obrigasse a pensar: sim, "pissada" é mesmo assim. Mas, pronto, que seja "pissada", porque, na verdade, encontrei duas ou três "pissas" em dicionários alternativos. Eu, pela parte que me toca, continuarei a piçar com toda a potência, sem medo de que me achem malcriado ou tarado da cedilha. Piçarei, aliás, até que a vós vos doa. Dar uma piçada, levar uma piçada, deixemo-nos de hipocrisias, bem sabemos de onde é que a coisa vem. De resto, confundir "pissada" com piçada pode, consoante as circunstâncias, ser até caso de extrema gravidez.
Ferreira Fernandes faz-me falta. Fui sempre atrás dele, só não lhe pedi a camisola, mas apenas por vergonha. De resto, sujeitei-me a tudo, a quase tudo. Os jornais deixaram de ser jornais, e eu, que remédio, contentei-me com as migalhas, "Aprendi a adivinhar Ferreira Fernandes":
Ferreira Fernandes faz-me falta. Fui sempre atrás dele, só não lhe pedi a camisola, mas apenas por vergonha. De resto, sujeitei-me a tudo, a quase tudo. Os jornais deixaram de ser jornais, e eu, que remédio, contentei-me com as migalhas, "Aprendi a adivinhar Ferreira Fernandes":
Os chamados jornais digitais, agora, para serem lidos, tem de se meter a moeda. Não sei achar a esse respeito. Os artigos considerados mais importantes vêm com etiqueta de "premium" e só saem à casa, se saírem, mas estão acima das minhas actuais possibilidades, e portanto não jogo. A verdade é que só me faz falta o Ferreira Fernandes, lamentavelmente pago à linha, embora director do Diário de Notícias.
O Ferreira Fernandes é o meu cronista preferido, já disse. E gosto tanto de o ler que creio que já lhe apanhei o lado para onde descai o bilhar. E então o que é que eu faço? Pego no engodo, aquele paragrafozinho inicial dado à babuge, leio-o uma, duas ou três vezes, que continua a ser de graça, e suponho o resto do texto, porque o Ferreira Fernandes, noves fora os truques comerciais, é o Ferreira Fernandes que eu sei.
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