"Aqui não há qual-quer-ti-po-de-dú-vi-da", garantiu de imediato o locutor da
televisão. Sou desconfiado quanto às certezas. Portanto resolvi accionar a minha
lista de verificação de tipos de dúvidas, ou, como dizemos nós, os
especialistas em língua portuguesa e apugilistas do acordo ortográfico, a
ultimate checklist.
E então:
- Dúvida metódica? - Não.
- Dúvida caótica? - Não.
- Dúvida cartesiana? - Não.
- Dúvida sebastiânica? - Não.
- Dúvida hiperbólica? - Não.
- Dúvida hiperbárica? - Não.
- Dúvida sensível? - Não.
- Dúvida cruel? - Não.
- Dúvida do sonho? - Não.
- Dúvida do pesadelo? - Não.
- Dúvida metafísica? - Não.
- Dúvida metaquímica? - Não.
- Dúvida razoável? - Não.
- Dúvida insensata? - Não.
- Sombra de dúvida? - Não.
- Sol de dúvida? - Não.
- Sol na eira e chuva no nabal... da dúvida? - Não.
- Na dúvida pró réu? - Não.
- E pluribus unum? - Não.
- In vino veritas? - Não.
- Branco ou tinto? - Não.
Pronto. Tinha razão o locutor da televisão. Grande olho! Excelente visão! Não havia ali realmente
"qual-quer-ti-po-de-dú-vi-da", dúvida de feitio nenhum: após as
repetições, era fora-de-jogo como uma casa...
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
Grande olho!
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