Esse negodiamô
Sem concepção de tempo,
 O papel já terminou
 Você vê que nada ficou
 Sem poder dormir você pensa em fugir
 Mas não há pra onde ir
 Lá trancado no porão
 Que é escuro mas é clara sua visão
 Daquilo que você tanto esperou
 Não passava de um sonho
 Sobre esse negócio de amor
 Doeu na hora que você acordou
 Ao som agudo de um despertador
 Mais barulhento que o apito
 Do guarda abrindo o sinal.
 Você procura entender,
 Sabendo que não há porquê
 Tudo é apenas o que é
 Vai morrendo firme em pé
 Você vê que não sabe de nada
 Você louco e ela calada
 Ela foi linda e clara esta noite
 Inevitável, claro o açoite
 E a dor foi mais que demais
 Tudo que cê aprendeu desde que você nasceu
 Embora sempre cê desconfiou
 Que a gente é gente e é isso aí
 Mas no entanto cê esperou
 Sei lá, um milagre ou coisa assim
 De repente o punhal
 Mostrando as frestas do que é
 Aí se entende o que é morrer
 Estando vivo pra saber
 Que cê não passa de um guri
 Sua mente flashbacka atrás
 aos catorze anos ou pouco mais
 As meninas coloridas de batom
 de rouge de risadinhas freteiras
 Eram todas tão iguais
 Sempre elas e sempre o rapaz
 Transbordando de amor
 Preferi ser escritor sem mesmo sequer saber
 Que eu também queria amor
 Como um susto bem pregado
 De repente vi que tinha esse negócio mesmo
 De estar apaixonado
 Vi o mundo do outro lado
 Tudo tão certo e tudo tão errado
Raul Seixas
(Raul Seixas nasceu no dia 28 de Junho de 1945. Morreu em 1989.)
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