Era uma pessoa muito dada
Era uma pessoa muito dada. Contra todas as recomendações, acolheu de braços abertos o novo coronavírus. Que descanse em paz!
Era de abraços
Abraçou o desemprego com o mesmo entusiasmo com que abraçara a profissão. Era realmente uma pessoa muito abraçadeira...
O Homem-Prazol
Apreciava o homem-aranha, o homem-formiga, o homem elefante, o homem-rã,
o homem de gelo, o homem de ferro, o homem-bala, o homem invisível, o
homem-estátua, o homem-sanduíche, o homem-crocodilo, o homem-tocha, o
homem-máquina e até o homem-bata, que quase existia. Apreciava, sim
senhor. Mas. Derivado a pecados velhos e por indicação médica, era mais
dado ao homem-prazol.
Cuidado!, vou tirar a carta...
Cheguei a esta idade e vou finalmente tirar a carta. Atenção, muita
atenção, estou a tirá-la neste exacto momento. Saiu-me o duque de paus. É
bom?...
Os cães estavam exaustos
A verdade é estas: os cães já não conseguiam aguentar mais quinze dias de estado de
emergência. Estavam exaustos! Regra geral nunca tinham saído de casa...
Não sei quem sou por dentro de mim
Pensou, líquido: - Não sei quem sou por dentro de mim. Olho-me no espelho do elevador, não
tenho por onde fugir, e vejo-me apenas por fora. O espelho do elevador é
o meu espelho único. Tento ser sincero com ele, justo comigo mesmo,
olho-me olhos nos olhos mas só vejo os olhos que olham para mim. Vejo
que os olhos que me olham vêem um velho sem passado e, parece-me, com
pressa de envelhecer ainda mais. Saio à rua e caminho sem saber quem sou
por dentro de mim.
E concluiu, sólido: - Acho que tenho a mania de que sou filósofo amador e um bocado poeta. Uma coisa é certa, sou parvo.
Sem comentários:
Enviar um comentário