segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Querem é sexo...

Foto Hernâni Von Doellinger

Sou muito procurado por causa de sexo. É verdade: centenas de visitantes do Tarrenego! entram aqui pela primeira vez porque pesquisam na Net palavras-chave tão atesoadas e cheias de segundas intenções como "belas e perigosas", "foder no parque", "a bela foda", "o bitó tinha uma gaita", "mamas", "amantes", "portuguesas malucas", "portuguesas perigosas", "comendo a tia safadinha", palavra de honra, "putas", "prostitutas", "sexo" ou... "padres de Viana do Castelo". Ou então esgotam-me os 69 de todas a minhas séries: Vida de cão 69, Estou mesmo a ver o filme 69, Também faço isto muito bem 69, I want to ride my bicycle 96 e assim sucessivamente. Ou então procuram "de puta madre", como se, pequeninos e freudianos, se tivessem perdido da progenitora em plena Feira de Espinho. Depois, perante o que encontram, levam com um balde de água fria no focinho, vão-se abaixo e se calhar nunca mais voltam. Compreendo-os.
Há outros leitores, igualmente solitários e amantes dos trabalhos manuais, porém de hábitos um pouco mais arejados e produtivos (a jardinagem ou a culinária, por exemplo), que contactam comigo através de senhas como "Alberto João", "o seringador", "arroz de polvo carolino ou agulha", "esquerda caviar", "onde comer sardinhas", "Anthony Bourdain", "ah faneca!", "tomates" e "moelas de coelho". Sobretudo "moelas de coelho". Percebo também que fiquem desconsolados com o que tenho para lhes dar e não posso levar a mal o raspanete que achem por bem, embora eu não lhes faça caso. Já agora: para o polvo, arroz carolino. Foda é o cordeiro assado no forno em Monção. E é claro que os coelhos não têm moelas, mas o meu amigo Peixoto, em Fafe, cozinhava-as muito bem.
Quase que só sobram então os americanos, os russos e os alemães, que são sempre os primeiros a chegar e, honra lhes seja, não me largam. E é muito fácil mantê-los interessados. Basta-me meter um texto qualquer com uma ou mais destas inocentes palavras: "terrorismo", "EUA", "Putin", "Trump", "Obama", "Saddam Hussein", "Al-Qaeda", "Estado Islâmico", "Israel", "Afeganistão", "Irão", ainda que do verbo ir, "Merkel", "Papa", "armas" ou "bomba", ainda que seja eu ou o meu avô, e meia dúzia de segundos depois já cá estão eles a bater-me à porta. É automático.
O que eles querem sei eu. No fundo, anda tudo ao mesmo: querem sexo, como os das "mamas" e das "prostitutas". Querem ver se me fodem, com licença da palavra. Mas também vêm ao engano.

(E depois há os casos que podem ser sérios. Como ainda ontem, quando alguém cai no Tarrenego! com a terrível conjugação de palavras-chave "quero denunciar o meu pai que me maltrata". Peço desculpa pela pista falsa e espero sinceramente que quem estava aflito, se assim era, tenha encontrado noutro sítio, nos sítios certos, que os há, a ajuda de que precisava.)

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