domingo, 29 de setembro de 2019

Paulo Bomfim 3

A água

Despe, na solidão da tarde,
Tua roupagem manchada de quotidiano,
E deixa que a chuva molhe teus cabelos
E vista teu corpo de escamas de prata.
Pousa, em teus ombros, o manto dos lagos
E colhe no cântaro de tuas mãos
A música dos dias que adormeceram
No fundo de teu ser.
Mármores líquidos moldarão teu corpo.
Nuvem,
Penetrarás a carne da manhã.


"Quinze Anos de Poesia", Paulo Bomfim

(Paulo Bomfim nasceu no dia 30 de Setembro de 1926)

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