Por que razão medram tanto os aldrabões
em Portugal? Por que razão vamos a votos e entregamos o governo e damos a mama aos aldrabões,
de variada cor, e há mais de quarenta anos, como se por acaso acreditássemos
neles - nos aldrabões? Os aldrabões que antes e/ou depois estão nas autarquias, nos
bancos, nas edepês, nas caixas, nas renes, nas cepês, nas referes, nas
misericórdias, nos metros, nos centímetros, nas construtoras, nas
destrutoras, nos superescritórios de advogados, nos supermercados de
escravos, nas fundações, nas afundações, nas jotas, nas motas, nas
assessorias, nas tias, nas altas autoridades, nas baixas moralidades, nas televisões e nos jornais, no parlamento, na
moinice enfim, e têm do povo uma vaga ideia. Por que razão?
Andava com esta dúvida fisgada nem sei há que tempos, mas no outro dia tive a
inesperada revelação, quase sem querer, ao ouvir um minhoto retinto a
falar. O homem antigo falava de não sei quem e chamava-lhe aldrabom.
Aldrabom. Os minhotos de cá de baixo falamos assim (e eu até tenho uma
certa vaidade na nossa maneira de falar), trocamos o ão pelo om, daí a
confusom, e se calhar acreditamo-nos: ora aí está um aldra que é bom,
pensamos na melhor das intenções e caímos na esparrela. Porque aí é que a
porca torce o rabo: eles não são aldrabons - são aldramaus.
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