A minha bó de Basto tinha uma sociedade infalível com São Bento da
Porta Aberta. Em questões de pele e outras coisas ruins, os dois juntos eram uma limpeza.
1 - Aí pelos meus vintes, eu tinha uma plantação de cravos no
braço direito, uma vez a minha avó viu, pediu-me licença e disse que ia
falar com São Bentinho sobre o assunto. Quando queria falar com São
Bentinho, a minha querida avó Emília ia a pé, pequerricha e já velhinha, desde
Passos, Cabeceiras de Basto, até Rio Caldo, em Terras de Bouro. Os cravos desapareceram.
2 - Anos depois, o meu filho era criança e apareceu-lhe um cravo numa pálpebra, uma vez a minha avó viu, pediu-me licença e disse que ia
falar com São Bentinho sobre o assunto. Quando queria falar com São
Bentinho, a minha doce avó Emília ia a pé, ainda mais pequerricha e ainda mais velhinha, desde
Passos, Cabeceiras de Basto, até Rio Caldo, em Terras de Bouro. O cravo desapareceu.
3 - Se eu puxasse pela cabeça, tenho a certeza de que me lembrava de um terceiro e definitivo milagre da minha avó, mas não quero arranjar problemas ao Vaticano.
O Vaticano tem muito mais que fazer do que ocupar-se com a comezinha história da minha bó de Basto, que, cada vez mais velhinha e pequerricha, ia a pé entender-se com São Bentinho sempre que era preciso. O Vaticano tem coisas muito mais importantes a tratar: por exemplo, convencer-nos de que João Paulo II é santo. Vai levar anos, e eu não acredito.
Na minha família e na da minha mulher aconteceram "milagres" muito semelhantes. Aliás, ainda hoje, em dias de missa em honra do São Bento será fácil encontrar ao redor do templo algumas algumas das nossa avós a trabalhar para a canonização.
ResponderEliminarAtenção que, da Barragem do Rio Caldo até São Bento da Porta Aberta vai uma grande estafa e é sempre a subir...!
CRAVOS PARA SÃO BENTO
ResponderEliminarComo solheira ao relento
A luz da Fé popular
Vai a casa de São Bento
Pelo braço do luar.
Das caleiras das quebradas
Desaguam procissões
Com charolas de braçadas
De cravos e de orações.
Quem olha para os carreiros
Por entre os pinheiros bravos
Até julga que os pinheiros
Em vez de pinhas, dão cravos.
São Bento da Porta Aberta,
O povo sabe onde ficas,
Porque para o mal que aperta
És a melhor das boticas.
Quando a virgem madrugada
Ainda sonha com astros
Já a Fé bem acordada
Traz os joelhos de rastros.
No meio de tanto cravo
Até o rei dos ateus
Dá cinza morta ao Diabo
E língua de fogo a Deus.
No rio Caldo me lavo
Do pecado poeirento
De tão tarde dar o cravo
Do coração a São Bento.
São Bento da Porta Aberta,
O povo sabe onde ficas,
Porque para o mal que aperta
És a melhor das boticas.
Correio de Fafe, 21/09/1990
Augusto Fera
Em: http://augustofera.blogspot.pt/2014/05/cravos-para-sao-bento.html
Muito obrigado.
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