Parece
que Joaquim Oliveira vendeu os jornais a Angola. E depois? Qual é o
escândalo? O que é que Portugal perde com a passagem do Jornal de
Notícias e do buraco do Diário de Notícias para as mãos de um grupo
angolano? Perde independência? Isenção? Credibilidade? Transparência?
Rigor? Qualidade? Profissionalismo? Competência? Seriedade? Memória?
Deontologia? Dignidade? Referência? Jornalismo? Não se perde o que não
há. Talvez se percam empregos. Mas estou em condições de assegurar que
isso já aconteceu outras vezes, mesmo antes da chegada dos angolanos.
Uma vez, o
estado-maior da Controlinveste descia no elevador do Edifício JN do
Porto e eu também. Eu era um dos prescindíveis do 24horas, excesso de
bagagem, mas ainda não sabia. Entrei a meio caminho para ir a casa comer
a sopa. Ir num pé e vir no outro. Disse boa tarde, mas ninguém me
ligou.
Aquela gente não ouve, não vê nem pensa para além do umbigo de cada
qual. Iam todos entretidos na galhofa, preparando mais uma leva de
despedimentos. A maior de todas. Eram os filhos do Joaquim, acolitados
por um ou dois administradores anónimos limitados e pelo director de
publicações, João Marcelino. E era exactamente Marcelino o animador de
serviço, exibindo a capa do Diário de Notícias daquele dia. Dizia o
também director do DN - "O que é preciso é isto: mete-se aqui este
vermelhinho e está o assunto resolvido, é só vender".
João
Marcelino referia-se à foto do Benfica que dominava a primeira página
do DN. E (deixemo-nos de hipocrisias) não estava a dizer nenhuma
asneira. Haja Benfica! O Diário de Notícias tem finalmente quem o
compre...
P.S. - Publicado originalmente no dia 19 de Outubro de 2012. O Diário de Notícias saiu à rua pela primeira vez no dia 29 de Dezembro de 1864. E, mais ou menos à rasca, anda às voltas até hoje. Quanto a Oliveira e seus
asseclas, continuaram a despedir e a destruir jornais e lares, com uma
perseverança digna de registo. João Marcelino é actualmente uma das vedetas residentes do Canal 11, televisão da Federação Portuguesa de Futebol.
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