As orelhas. As orelhas são muito úteis. As orelhas servem para segurar o
lápis, o cigarro e o raminho de alfádega, que já ninguém sabe o que é.
As orelhas centram muito bem a cabeça e estão no sítio certo para se
puxar as orelhas. Hoje em dia é proibido puxar as orelhas nas escolas,
só se for aos professores. Os puxões de orelhas aos professores são
gravados no telemóvel e mandados, com uma grande risota, para o YouTube.
Das escolas saem cada vez mais orelhudos. E entram no YouTube.
As orelhas produzem cera, cotão e pêlos, materiais altamente
combustíveis. As orelhas ardem: se for a direita, é porque estão a dizer
bem de nós; se for a esquerda, é porque nos estão a rogar na pele. Se
arderem as duas ao mesmo tempo, o melhor é chamar os bombeiros. As
orelhas também deitam fumo sem fogo, pelo menos nos desenhos animados.
As orelhas doem e quando doem chamam-se ouvidos e muitos nomes feios. As
orelhas são vizinhas de porta do esternocleidomastóideo, que é o
músculo mais famoso do mundo à pala do Vasquinho da Anatomia. As
orelhas, em casos extremos, servem também para a nossa alimentação. Em
tempos de crise como os que vivemos recomenda-se com molho-verde.
Às vezes as orelhas dão jeito para ouvir. Ouvir é bom e deve-se às
orelhas. Há governantes que não são governantes porque não ouvem. Por
exemplo: as orelhas dos alegados presidentes dos Estados Unidos da
América e do Brasil são orelhas a fingir, orelhas de mercador. As
orelhas do deputado Ventura, outro por exemplo, são orelhas de burro. Eu
gosto muito de orelhas e tenho duas. De momento.
P.S. - Publicado originalmente no dia 2 de Maio de 2012. No dia 23 de Dezembro de 1888 o pintor Vincent van Gogh cortou com uma faca a própria orelha esquerda depois de uma discussão com o seu amigo Paul Gaugin. Conta-se que, depois deste lindo serviço, van Gogh entregou a orelha decepada a uma prostituta, mas há outras teorias e versões sobre o assunto.
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