"Atenção: devido a um erro de sinalização, o metro foi obrigado a fazer
uma paragem brusca. Se alguém se magoou, é favor entrar em contacto com o
agente de condução". O "agente de condução" da Metro do Porto que assim
falava pelos altifalantes internos para os passageiros da viagem
Matosinhos Sul-Estádio do Dragão, aqui atrasado, era uma mulher, e não
cuide o Sr. Arroja que eu estou no gozo. Não estou.
Em trinta palavras exactas, a senhora condutora disse tudo o que era
necessário ser dito naquele momento, com objectividade, sem eufemismos
nem semânticas, num português escorreito, directo, universalmente
compreensível, eficaz. Responsável. A assunção do "erro de sinalização" e
da "paragem brusca", a preocupação imediata com os passageiros. Mas
ninguém se magoou.
Pensei: que exemplo extraordinário para os nossos comunicadores de
merda, em tempos de pandemia - governantes, ex-governantes,
candidatos a governantes, candidatos a candidatos a governantes,
políticos de uma forma geral, altos irresponsáveis, baixos responsáveis,
autoridades civis, militares e religiosas, minhas senhoras e meus
senhores, telecomentadores, radiofloricultores, trolhas conversadores,
politólogos, peritos encartados, periquitos amestrados, vendedores de retroescavadoras com luzinhas, taxistas, barbeiros, enchedores de
chouriços, especialistas em sarrabulho e fumeiro,
jornalistas tremendistas e endrominadores para todo o serviço, que
falam, falam, falam, não fazem nada (como diria o Ricardo Araújo
Pereira), e eu percebo tudo o que eles dizem, mas nunca sei do que é que falam...
P.S. - No dia 13 de Março de 2004 o Metro do Porto realizou uma vigem experimental entre as estações da Trindade e Campanhã. No dia 13 de Março de 2005 abriu a Linha B (Vermelha), entre o Estádio do Dragão e Pedras Rubras.
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