País distante
Doido, talvez, se o sol que me alumia
Claro, e belo, e brilhante,
Rompe, a treva a espancar desta noite sem dia;
Fico a sonhar um lúcido e distante
País, onde serena
Fosse toda a existência e todo o amor constante,
Onde, de alegre e tímida camena,
Docemente tranquila,
Pudesse a voz ouvir em meio à noite amena.
Enquanto que também lúcido, a ouvi-la,
Do azul em cada fresta,
Brilhasse um sol assim como o outro sol rutila.
- Um país onde nunca a atra e funesta
Mágoa fosse, enfadonha,
De pranto encher o olhar que o contemplasse em festa.
Lá, julgado feliz como quem sonha,
Por certo que invocara
Tua imagem feliz, e adorada, e risonha.
E se àquela de gozos fonte rara
Tu chegasses ainda.
E se ainda a tua alma esses gozos achara;
Por certo o nome dessa estranha e infinda
Fonte de primaveras,
Tu pediras, e então eu te dissera, Linda:
- "Chama-se este país, o país das quimeras!"
Pedro Rabelo
(Pedro Rabelo nasceu no dia 19 de Outubro de 1868. Morreu em 1905.)
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