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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Mário Ypiranga Monteiro 2

- Já se calaram todas as cigarras
No bucolismo dessas horas quedas.
Não vibram mais orquestrações bizarras
Pelo silêncio bom das alamedas.

Amo-a demais. Às vezes sua ausência
a saudade deplora e eis-me a chamá-la
para que traga azul a esta querência
e um pouquinho de sol à minha sala.

Vem dela a minha glória e é dela o cheiro
De mocidade, que pelo ar se estrela.
Duvido que haja rosa em seu canteiro
Que cheire tanto como a carne dela.

"Dona Ausente", Mário Ypiranga Monteiro

(Mário Ypiranga Monteiro nasceu no dia 23 de Janeiro de 1909. Morreu em 2004.)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Mário Ypiranga Monteiro

- Olho a tarde que finda... A espessa bruma
vela os contornos da paisagem queda
e as horas vão tecendo, uma após uma,
sobre o meu tédio um pálio gris de seda. 


As flores que colhi morrem exalmas,
hastis dobrados nos bocais das jarras.
(É assim que morrem, pelas tardes calmas,
os poetas, os lírios e as cigarras...)


Flutua a solidão aqui em tomo
onde somente o pêndulo assinala
breve, monótono, insistente e somo,
a ausência dela nesta pobre sala.


"Dona Ausente", Mário Ypiranga Monteiro

(Mário Ypiranga Monteiro nasceu no dia 23 de Janeiro de 1909. Morreu em 2004.)