A modéstia do caloteiro
Chamavam-lhe caloteiro e outros elogios bem merecidos. Ele dizia, fino como um alho: - Cumpro apenas o meu dever...
Olhemos para Joe Berardo, esse bom filho da mãe. Berardo fez-se milionário sob o alto patrocínio da Caixa Geral de Depósitos. Sei isto de fonte segura: foi o próprio Berardo quem mo contou, uma vez há muito tempo. A sua primeira poupança foi uma conta que a mãe lhe abriu na Caixa, em 1962, na Madeira, com dois mil escudos, teria ele então 18 anos. Dois contos, dez euros ao preço actual, uma semente. Uma conta que se manteve aberta e que nunca parou de crescer. Um casamento frutuoso, posto que de conveniência. O saldo de Berardo na Caixa já ia aqui atrasado em mais de 280 milhões de euros, realmente uma fortuna, mas de dívida. Joe Berardo devia ao banco público mais de 280 milhões de euros, que se soubesse até àquele então, na sequência de empréstimos manhosos que lhe deram de mão beijada e que ele agora não consegue ou não lhe apetece pagar. À banca portuguesa em geral, o comendador Berardo deve quase mil milhões de euros. Uma batelada de massa de que eu nem faço ideia. E tudo começou com apenas dois contos, abençoados pela santa mãe, meu rico filho! Parece ilusionismo, número de circo. É por isso que ele se ri tanto e faz pouco do País. Ele é o homem que conseguiu dar o golpe do baú... à Caixa.
Por outro lado, dou valor ao Berardo. Ele deve aqueles camiões, navios e aviões todos cheios de dinheiro - só assim é que eu me oriento -, ri-se olimpicamente e é um homem rico. Eu não devo um cêntimo a ninguém, rio-me a prestações e sou um homem pobre. Isto é. Quem me dera ser filho do mãe... do Berardo, porque Caixa nós também já tínhamos em Fafe. No Largo, à beira da Sonap.
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