Bonifácio Terrafunda era coveiro profissional há mais de quarenta anos. Funcionário exemplar, querido pai de famílias, duas. Um dia, para o que lhe havia de dar, resolveu dividir o campo-santo em dois talhões devidamente assinalados, um para "Fumadores" e outro para "Não fumadores", como nos aviões antigamente. A coisa veio nos jornais, quer-se dizer, no Correio da Manhã, e deu na televisão, quer-se dizer, na CMTV. Anacleto Boavida, jovem presidente da junta, passou-se dos carretos, instaurou inquérito e competente processo disciplinar, meteu advogado e testemunhas, imagens do YouTube, e o velho coveiro foi inapelavelmente remetido para o olho da rua, por indecente e má figura, isto é, despedido com justa causa. - Com os mortos não se brinca! - justificava o fulgurante autarca, alto e bom som, para quem o quisesse ouvir, que eram as infaustas esposas, que remédio, uma de cada vez e separadas. E rematava: - Se eles já lá estão, é porque deixaram de fumar, todos, não há cá separações, Deus os tenha...
P.S. - Foi neste dia, mas no ano de 1492, que o navegador Cristóvão Colombo anotou no seu diário de bordo o uso do tabaco entre os índios. A esse respeito, acrescente-se que depois de amanhã é Dia Mundial do Não Fumador.
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