Foto União de Tomar |
Conhé, Kiki e Caló, Faustino e Barnabé, Cláudio e Ferreira Pinto. Assim. É assim que os trago na cabeça há mais de cinquenta anos, e digo-os, aos nomes raros, antigos e melodiosos, como se fossem poema, letra de festival da canção escrita por Ary e cantada por Simone. Conhé, Kiki e Caló, Faustino e Barnabé, Cláudio e Ferreira Pinto. Já lhes apreçaram o ritmo lanceiro de lengalenga, a precisão sincopada de ladainha, a musicalidade silábica de balada sustenida? E são apenas nomes, nomes de jogadores de futebol, protagonistas de uma famosa equipa do União de Tomar em tempo de primeira divisão, na passagem da década de sessenta para a década de setenta. Depois destes sete magníficos poderiam vir, mais adiantados no terreno, como hoje se diria, o Bilreiro ou o Araújo ou o Lecas ou o Leitão ou o Alberto ou o Dui ou o Totói, que era irmão gémeo do Djunga, também colega de equipa, ou outro ou outros, mas de todos estes não me lembro na velha oração que sei de cor. Tive de ir à procura...
Conhé, Kiki e Caló, Faustino e Barnabé, Cláudio e Ferreira Pinto. Assim. Os meus amigos, que são também magníficos mas menos do que sete, estão fartos de me ouvir. Já se riem de mim quando eu começo. Fazem pouco. Mas eu insisto e digo, e recito, e canto: Conhé, Kiki e Caló, Faustino e Barnabé, Cláudio e Ferreira Pinto. É claro, não são os Cinco Violinos do Sporting fidalgo nem a superequipa do imparável Benfica da década de sessenta. Tampouco são o saudoso Belenenses de Vicente e Matateu ou aquela linha recuado do FC Porto afinada em érre e formada por Rui, Rodolfo, Ronaldo, Rolando e Guedes, só para destoar. Não são, realmente. Mas, palavra de honra, são os meus cromos preferidos.
Ainda por cima, o Cláudio, seguindo o bom exemplo do Djunga, viria depois a jogar no meu Fafe, parece-me que após passagem pelo Riopele. Creio que morou na "Torralta" praticamente a estrear e, se não me engano, era pai do Hélder e do Toni. Com os anos transformara-se em defesa central, um portento de técnica em souplesse, lento mas geralmente eficaz, imperial, suava em bica mesmo em pleno Inverno, evaporava-se em campo, era o primeiro construtor e líder da equipa, gostava de fintar os avançados adversários e fazia gala do passe de letra, inclusive na marcação de penáltis.
E para quem não sabe: os do União de Tomar eram e certamente são os nabantinos, por causa do rio Nabão, que atravessa a cidade. Ali chegou a jogar Eusébio, já preso por arames, abandonado pelo Benfica e, com todo o respeito, a estragar o final de carreira. O grande Eusébio, que se estreou pela Selecção, faz hoje anos, no dia 8 de Outubro de 1961, contra o Luxemburgo, marcando um golo, e que eu ainda vi em campo também pelo Beira Mar. Assinalo-lhe a efeméride, mas, lamento, não consta da cantilena mágica...
Sem comentários:
Enviar um comentário