terça-feira, 4 de agosto de 2020

O Armstrong bom e o outro Armstrong

O cantor Gershwin, anunciava a rádio Smooth FM 
Ouço rádio. Prefiro a rádio à televisão e os jornais em papel aos jornais online. Prefiro os dicionários encadernados à Wikipédia e os livros de uma forma geral às séries "de culto". Tirando o futebol, a meia hora a seguir ao meio-dia e tudo o que for David Ferreira, que me ligam religiosamente à Antena 1, a minha rádio é a Smooth FM. Gosto da música que por lá passa, música da minha idade, e rio-me com o que dizem os locutores. Ignorância em frequência imoderada é ali - das bojardas gramaticais nas "notícias" aos spots publicitários que primam pela asneira. O último, de promoção ao concerto de Anthony Strong aprazado para o dia 28 de Outubro no lisboeta Centro Cultural de Belém, diz assim:
"Anthony Strong em Portugal, num tributo às grandes vozes masculinas do jazz. Anthony Strong: Tribute To The Great Male Jazz Vocalist Of All Times. Entre os quais, Louis Armstrong, Chet Baker, Gershwin e muitos mais, numa noite memorável". Exactamente, sobretudo Gershwin...

(Mais sobre a minha estação de rádio favorita, a seguir à Antena 1, em Bienal, como o próprio nome indica, Felizmente dispensa apresentações, Quantos são exactamente cerca de 44?, Sócrates não "interviu", diz a Smooth FM e A capella, ma non troppo.)

Armstrong & Oprah, the show must go on
Lance Armstrong fez muito pelo ciclismo. Mas não era preciso fazer tanto. Há mais de dez anos que se sabe que o americano se dopava. E ele negou sempre.
Armstrong teve mais de dez anos e milhões de oportunidades para confessar a sua fraqueza - e nada. Em inquéritos oficiais, em investigações policiais, em comissões especiais, nos tribunais, em entrevistas a sério ou ao espelho pela manhã - e nada. Preferiu fazer-se de vítima de conspiração internacional e insistiu na fuga em frente.
Armstrong, que, durante mais de dez penosos anos, desprezou os sítios certos para dizer a verdade, vai aparecer amanhã no espectáculo de Oprah Winfrey para pôr tudo em pratos limpos. O programa foi gravado na passada segunda-feira, consta que o ex-ciclista admite finalmente o recurso ao doping e a famosa apresentadora de televisão já garantiu que ele "deu as respostas que as pessoas querem ouvir".
Oprah é isso: o que as pessoas (os americanos) querem ouvir. E o entalado Armstrong aproveita. Será um programa de lavagem a quatro mãos. Com lágrimas.

P.S. - Textos publicados originalmente nos dias 23 de Agosto de 2017 e 16 de Janeiro de 2013, respectivamente, não desfazendo de outro importante Armstrong, o Neil, astronauta americano que foi o primeiro homem a pisar a Lua e que faria amanhã anos. Fui buscá-los por causa do Armstrong que mais me interessa: o músico ímpar, o fabuloso Louis, que nasceu no dia 4 de Agosto de 1901.

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