Caminharei tantas vezes por esta mesma rua, este mesmo bairro de prostituição. Quantas vezes sentirei na boca o gosto oleoso do gim que vendem por aqui. Algumas vezes fumarei haxixe, três ou quatro vezes deitarei num catre e acenderei o cachimbo do ópio. Uma vez comprei cocaína, não para meu uso, mas para conseguir do traficante uma informação que, conseguida, mostrou-se sem proveito. Muitas vezes dormi com outras prostitutas no mesmo quarto do hotelzinho barato, mas sei que nunca mais verei a prostituta japonesa, nem saberei se ela sentiu prazer comigo naquela noite escura. Às vezes penso que sim; às vezes, penso que não. Nunca encontrarei uma resposta que me satisfaça.
"O Mistério da Prostituta Japonesa", Valêncio Xavier
(Valêncio Xavier nasceu no dia 21 de Março de 1933. Morreu em 2008.)
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