Era ousado demais, todo o seu corpo tremia e a boca estava seca. Uma sensação que doía, cheia de agulhas. Até os olhos, belos olhos, muito abertos, pareciam picar. Observando dali do portão de Embarque, o campo de pouso parecia ainda maior, um mundo. Já tinha ido até lá outras vezes, mas só para estudar as possibilidades. Desta, não. Trouxera até a valise com algumas roupas. Mesmo correndo risco de fracasso, tentaria. Meu Senhor do Bonfim!
O aeroporto estava movimentado aquela manhã. Muita gente chegava e mais gente ainda embarcava. O maior tráfego era para o Rio de Janeiro e São Paulo. Homens portando maletas pretas, provavelmente viajando a negócios para outros Estados, casais felizes em suas elegantes roupas de viagem e famílias inteiras, ruidosas, preocupadas com o despacho de malas. Jornalistas entrevistavam e fotografavam um senhor de ares importantes. Devia ser político.
"Um Rosto no Computador", Marcos Rey
(Marcos Rey nasceu no dia 17 de Fevereiro de 1925. Morreu em 1999.)
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