O cardeal e os foguetes
O cardeal-patriarca de Lisboa garantiu ontem, em entrevista à rádio TSF e
ao jornal Diário de Notícias, que não conhece casos de pedofilia
na Igreja portuguesa. Mas, à cautela, acrescentou que "não podemos
estar a deitar foguetes antes da festa, porque um caso pode sempre
aparecer". Faz muito bem o senhor D. José Policarpo. Foguetes, não!
Ainda lhe rebentam nas mãos.
(19 de Dezembro de 2011)
Os nossos bispos, a pedofilia e a hipocrisia deles
José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, garantia
em Dezembro do ano passado, meia dúzia de dias antes do Natal, que não
conhecia casos de pedofilia
na Igreja portuguesa. Mas também dizia que o melhor era não "deitar
foguetes antes da festa, porque um caso pode sempre aparecer". Pois pode
e é preciso ter cuidado. Não faltam por aí manetas, por eles, os
foguetes, lhes terem rebentado nas mãos - avisei eu.
Ontem, José Policarpo anunciou
que os bispos portugueses querem que as vítimas de abusos sexuais por
parte de membros do clero participem os casos "às autoridades civis
competentes".
Não sei se o cardeal arrepiou caminho apenas para salvar as mãozinhas ou
se teve um rebate de consciência. Mas este desafio dos bispos, tal como
foi lançado cá para fora, enrodilhado em alegadas questões legais (e
não morais, valha-nos Deus), é uma indecência e de uma hipocrisia e
crueldade para com as vítimas que envergonham o Jesus Cristo que as
excelências reverendíssimas deviam pregar e viver.
Quem é esta gente que fala em nome da minha Igreja e já não sabe o que é
o amor ao próximo e a caridade cristã? O que é que acontece a esta
gente quando se veste de vermelho, para tão escandalosamente desdenhar
dos mais fracos e indefesos, dos estropiados?
E, no entanto, José Policarpo e os seus bispos (não sei quem os
empurrou) deram um passo em direcção à verdade: há pedófilos e vítimas
de pedofilia na Igreja portuguesa. A Hierarquia anda muito devagar e por
isso eu só lhe peço que tente, para já, mais um passo. Um pequeno passo
até ao enorme tapete para baixo do qual tem varrido, pelo menos ao
longo dos últimos quarenta anos, os diversos casos de abusos sexuais
sobre menores que conhece e a que fecha os olhos. E que tenha a
dignidade mínima de expor, expurgar e fazer castigar os violadores e não
as vítimas.
(20 de Abril de 2012)
Os bispos e a pedofilia: mais um pequeno passo
Eurico Dias Nogueira, antigo arcebispo de Braga, é da minha opinião:
a Igreja Católica portuguesa "esteve demasiado calada" sobre os casos
de pedofilia que aconteceram no seu seio. Em entrevista à rádio Antena 1,
o prelado confirma ter informações de casos de abusos sexuais de
menores dentro da instituição, que critica por ter tentado "abafar" as
situações, sem "resolver" o problema. "Fazia-se isso secretamente", diz.
E querem saber como é que a Hierarquia "abafava" os casos? Por exemplo,
mudando os padres pedófilos de paróquia em paróquia e de escola em
escola, assim multiplicando o número de vítimas.
(21 de Abril de 2012)
Os bispos e a pedofilia: mais um pequeno passo 2
Manuel Morujão, padre porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, continua a falar demais e a falar de menos. Agora a propósito da pedofilia no interior da Igreja. É. Não têm emenda os nossos bispos: dão um passinho em frente e logo dois passos atrás. Não têm emenda e não têm perdão.
(11 de Dezembro de 2012)
E as provas? E os nomes?
A Conferência Episcopal Portuguesa garante ter dado "passos muito concretos na luta contra a pedofilia". Deu? Pois então que apresente provas,
que diga nomes, como exige àqueles que denunciam os abusos praticados
no interior da Igreja. Porque "não se deve dizer mais do que a verdade".
(4 de Janeiro de 2013)
O homem que sabia uma coisa terminada em "ia"
José Policarpo sabia de uma coisa terminada em "ia". Pedofilia?, perguntaram-lhe logo. Não, de pedofilia não sei nada,
respondeu. Compaixão?, insistiram. Vão-se lixar, isso não interessa
para nada e nem sequer termina em "ia", protestou o príncipe da Igreja
na reforma. Economia, sei é de economia, acabou por se abrir o emérito,
parece que um tudo nada afrontado com a maneira leviana como sindicatos e oposição estão a governar Portugal. Ou então seriam gases.
(27 de Outubro de 2013)
Bispo pede campanha contra pedofilia na Igreja
O título deste texto é mentira, e o que se segue também. O bispo de Viana do Castelo, Anacleto Oliveira,
apelou hoje ao Presidente da República para "liderar a mobilização de
toda a nação" numa "causa nacional" contra a pedofilia na Igreja, por
considerar que o que tem sido feito "não chega".
"Nada há de mais poderoso e eficaz [do] que um povo inteiro unido pela
mesma causa, no comum modo de viver e pensar, numa mesma cultura", fez
notar o prelado, defendendo que "chegou a hora" de o País "gritar bem
alto: basta de pedofilia nos colégios católicos, nos seminários e nas
sacristias".
A última parte desta última parte também é inventada. A versão
verdadeira, que tem a ver com incêndios e é um bocado de rir, está no
jornal Público, que copiou da agência Lusa.
Repiro: o título deste texto é mentira. E é pena.
(20 de Agosto de 2017)
Cardeal-patriarca fala do que não sabe
Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, não sabe nada de casamento
- o que até se compreende, porque é solteiro. Também não sabe nada de
sexo - o que se pode aceitar, porque certamente nunca praticou. Ainda
assim, ignorante em toda a linha, debita palpite sobre os dois assuntos,
defendendo que os católicos recasados "em situação irregular" devem ser
aconselhados a viverem sem relações sexuais.
Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, sabe muito bem da
pedofilia na Igreja portuguesa. Falando do que sabe e do que realmente
lhe diz respeito, gostaria de o ouvir propor que os padres devem ser
aconselhados a deixarem as pilinhas dos meninos em paz.
(8 de Fevereiro de 2018)
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