sábado, 27 de maio de 2017

Cyl Gallindo

Limitaram teu corpo com cal e pedra,
quando ainda do teu seio brotava infância,
mas não te destruíram. E no espaço, além,
pelo fio das horas tu tecias
tua imagem, mais que verde, de esperança.

Esta imagem de mansinho se espalhou,
com força e mais bela, no meu sangue,
e nas tardes de outono, com teu nome,
distraía a primavera quase exangue.

Não se rendam jamais à pedra e à cal,
que argamassa se faz, cumprindo horrores.
Cantemos o outono e a primavera,
que são feitos de cantos e de amores.

Vês! que num peito, às vezes, comprimido,
entre algozes e angústias, brotam flores.

Cyl Gallindo

(Cícero Amorim Gallindo, conhecido como Cyl Gallindo, nasceu no dia 28 de Maio de 1935. Morreu em 2013.)

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