Romance naturalista
Alguém matou Leonor
a meiga flor
que morrer não devia.
Quem foi logo se soube
logo se soube
no mesmo dia.
Matou-a um belo moço
um belo moço
que tinha pai.
E desse pai por causa
o moço belo
para a prisão não vai.
Que ele não é culpado
não é culpado
é o que se diz.
Grande culpado é o pai
somente o pai
do rapaz, infeliz.
Tal pai nunca lhe dera
nunca lhe dera
exemplo e educação.
Pela trilha do bem
não o levara
em nenhuma ocasião.
O crime foi do pai
foi só do pai
de quem o filho é obra.
E o mundo isenta o filho
de toda a culpa
e o pai exprobra.
Mas vem quem diz que o velho
o pobre velho
não será o responsável.
Sim, ele por sua vez
um pai tivera
muito pouco elogiável.
Então culpa-se o avô
que por seu turno
era filho de alguém.
Era filho de um pai
que fora filho
de pai-filho também.
E assim sempre subindo
de filho a pai
chega-se à conclusão:
O culpado da morte
da meiga flor
teria sido... Adão.
Afrânio Zuccolotto
(Afrânio Zuccolotto nasceu no dia 24 de Maio de 1913. Morreu em 1997.)
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