segunda-feira, 29 de agosto de 2016

J. M. Pereira da Silva

Os portugueses, que eram então o povo mais heroico e cavalheiresco da Europa, começaram a colonizar o Brasil, que, descoberto por um seu compatriota, era por eles considerado sua propriedade, tanto mais quanto o reconhecimento do Pontífice Romano a havia sancionado. Tinham porém que dividir muito sua atenção e seus cuidados. A melhor parte da Ásia lhes pertencia; reinavam na África, e nas Ilhas do grande Oceano; suas possessões estendiam-se a perder de vista: seu estandarte tremulava nas fortalezas de Malaca, de Diu, de Tânger, Ceuta e mil outras cidades importantes do mundo; seus navios cruzavam todas as costas; suas esquadras enchiam todos os mares: eles eram povo pouco numeroso, cerrado seu território entre o Oceano e a Espanha, como poderiam atender e favorecer muito ao Brasil? Entretanto cumpre dizer, para sermos imparciais, que, ou pela proximidade em que o Brasil ficava de Portugal, ou porque descobrissem maiores recursos e riquezas no País, desde logo o preferiram a todas as suas antigas possessões, e mais prezavam a nova colônia que aquelas de que até ali tinham tirado grandes riquezas e proveitos.
Fundaram cidades nas melhores enseadas e costas; aqui elevaram o Rio de Janeiro, acolá Bahia de Todos os Santos e Porto Seguro, ali Belém do Pará, e São Luís do Maranhão, e ao pé do Cabo de Santo Agostinho a bela Recife. À proporção que se foram entranhando pelo interior, formaram estabelecimentos, arraiais e povoações, que, com o andar dos tempos, prosperaram e cresceram.

"Parnaso Brasileiro", J. M. Pereira da Silva

(J. M. Pereira da Silva nasceu no dia 30 de Agosto de 1817. Morreu em 1898.)

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