sábado, 19 de setembro de 2015

Alberto de Lacerda 2

Ilha de Moçambique
 
Desfeitos um por um os nós sombrios,
Anulada a distância entre o desejo
E o sonho coincidente como um beijo,
Exalei mapas que exalaram rios.


Terra secreta, continentes frios,
Ardei à luz dum sol que é rumorejo
Para lá do que eu sou, do que eu invejo
Aos elementos, aos altos navios!


Trouxe de longe o palácio sepulto,
A cobra semimorta, a bandarilha,
E esqueci poços, prossegui oculto.


Desdém que envolve por completo a quilha,
Sou bem o rei saudoso do seu vulto,
Vulto que existe infante numa ilha.


Alberto de Lacerda

(Alberto de Lacerda nasceu no dia 20 de Setembro de 1928. Morreu em 2007.)

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