sábado, 24 de janeiro de 2015

Augusto Meyer

Chewing gum
 
Masco e remasco a minha raiva, chewing gum.
Que pílula este mundo!
Roda roda sem parar.
Zero zero zero zero,
é uma falta de imprevisto...

Quotidianissimamente enfastiado,
engulo a pílula ridícula,
janto universo e como mosca.

Comi o mio-mio das amarguras.
A raiva dói como um guasqueaço.

Amolado.
Paulificado.
Angurreado.

Bilu, pensa nas madrugadas que virão,
aspira a força da terra possante e contente.


Cada pedra no caminho é trampolim.
O futuro se conjuga saltando.

Depois:
indicativo presente -
caio em mim.


"Poemas de Bilu", Augusto Meyer

(Augusto Meyer nasceu no dia 24 de Janeiro de 1902. Morreu em 1970.)

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