Acordei com Caetano Veloso cantando. "Alguém cantando longe daqui / Alguém cantando longe, longe / Alguém cantando muito / Alguém cantando bem / Alguém cantando é bom de se ouvir". Os meus sonhos são um bocado tolos, confesso, mas eu não sonhava. Não sonho com homens, sejam de que sexo forem. Não era portanto a minha cabeça. Também não era o rádio da mesinha de cabeceira, nem a televisão dos vizinhos, e já se sabe que nestes prédios de hoje em dia ouvimos tudo uns dos outros. Nada disso. Era mesmo o velho tropicalista, novinho em folha, cantando ao vivo e para mim, trazido do Parque da Cidade por uma brisa de sul. "Ei! Hoje eu mando um abraçaço". E eu de camarote, na cama. Que luxo! Tornei a adormecer, embalado pela quentura da música, aconchegado em memórias felizes. "Gosto muito de te ver, leãozinho / Caminhando sob o sol / Gosto muito de você, leãozinho".
Espero que o dispensável Passos Coelho não me venha agora cobrar o bilhete. Eu moro aqui ao lado, não tenho culpa de ter ouvido. E até estava a dormir. Como a maioria dos portugueses.
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