Uma vez, um artista hipnotizador e talvez ilusionista veio dar um espectáculo ao Cinema e eu, que era mocico, não vi, porque era preciso pagar bilhete. E era uma bonita tarde de sol. Para chamar povo como no Poço da Morte, o artista hipnotizador e talvez ilusionista fez cá fora, na Rua Monsenhor Vieira de Castro, o famoso número de conduzir um carro de olhos vendados, naquele bocado entre a esquina do Santo Velho e o ateliê do Zé Manel Carriço, exactamente nesse sentido, que era permitido na altura, nem cem metros sempre em linha recta, assim também eu, foi o que então pensei, e mais ainda hoje não sei conduzir. O número terá sido feito cá fora de mais a mais porque lá dentro decerto não daria jeito, cheguei igualmente a essa conclusão. Esperei pelas horas à sombra, no passeio em frente, encostado à casa-mãe dos Summavielles, como já lhe chamei. No final, os que pagaram para entrar disseram-me à saída que aquilo não prestou. Felizmente a saída era de graça...
Em Fafe apareciam de vez em quando uns fenómenos assim, e até nos quiserem impingir espectáculos de luta livre nos antigos Bombeiros, com cartazes sugestivos, os sensacionais Tarzan Taborda, José Luís, Carlos Rocha e tudo, vindos directamente do Coliseu dos Recreios, do Parque Mayer e do Pavilhão dos Desportos de Lisboa. Eu conto falar proximamente de mais algumas dessas extraordinarices fafenses, mas aqui atrasado lembrei-me do artista hipnotizador e talvez ilusionista armado em cego que nos veio enganar numa bonita tarde de sol. Hoje é Dia Mundial do Mágico, e lembrei-me dele outra vez. É o que eu estou farto de dizer à minha mulher: isto anda tudo ligado!...
Sem comentários:
Enviar um comentário