Ela, vaidosa, gostava de se apernaltar. Não é que ela fosse irremediavelmente baixa no seu magnífico metro e cinquenta e sete, na verdade os seus pés chegavam quase sempre ao chão, pelo menos quando andava, mas ela gostava de sentir-se nas nuvens. Só calçava carrinhos de choque e recorria a todos os expedientes para crescer a olhos vistos. E metia tudo o que podia: cunhas, calços, avançados, médios defensivos, rampas, plataformas, saltos, tacões e até palmilhas em camadas, como bolo recheado. Era de rir vê-la caminhar naqueles preparos altaneiros e amiúde circenses, e ao riso dos outros ela chamava inveja, sentimento rasteiro, coisa de gente pequena. Portanto era isso, não é erro, não há engano - ela gostava mesmo de se apernaltar.
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