domingo, 6 de novembro de 2022

Rafa, tira, deixa, põe

Há cada vez mais portugueses pobres ou no limiar da pobreza e da exclusão social. São quase metade da população. Os mais ricos estão mais ricos e os mais pobres estão mais pobres. O número de pessoas em situação de sem-abrigo também aumentou: são agora quase dez mil, só os de papel passado, mandará o bom senso de quem anda todos os dias na rua que lhes acrescentemos pelo menos outros tantos. A fome é o pão nosso de cada dia. O desemprego é um modo de vida. Sobreviver está pela hora da morte. Não há dinheiro para a electricidade, não há dinheiro para o gás, não há dinheiro para a água, não há dinheiro para a farmácia, não há dinheiro para a lata de atum. Nos transportes públicos são cada vez mais os passageiros que, apanhados pela fiscalização, exibem imediatamente e por iniciativa própria o cartão de cidadão em vez do título de viagem que não têm, para serem competente e inutilmente identificados e multados, e querem lá saber. Os governantes atolam-se em patranhas e trafulhices, e querem lá saber. As oposições organizam torneios internos de tiro aos pés, e querem lá saber. O Presidente da República fala geralmente sem saber do que fala, e quer lá saber. Os portugueses só têm quem os foda, e querem lá saber. O que os portugueses querem saber é: e o Rafa, como é que vai ser? 

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